8M, arte e trabalho
O 8 de março tem se tornado um festival de arte feminista fabuloso. Ainda bem! Da minha parte já passei mais raiva nesse dia, atualmente vejo uma ou outra bola fora, mas na maior parte do tempo fico só compartilhando imagens que traduzem tudo que sinto mas que às vezes não tenho a ideia certa para ilustrar.
No entanto... esse ano consegui no final do dia ter um “insight” e produzir minha própria arte. Parti de uma imagem que já havia recortado faziam uns dias, já pensando no trabalho reprodutivo. Juntei algumas palavras, também já recortadas com antecedência, e fiz uma citação indireta à pesquisa de Silvia Federeci. Se não me falha a memória, é em o Ponto Zero da Revolução que essa feminista propõe que façamos uma greve do trabalho reprodutivo. Afinal a produção capitalista para acontecer precisa antes que os trabalhadores se alimentem, habitem em casas minimamente limpas e organizadas, vistam roupas limpas e etc. Não é difícil compreender como esse trabalho reprodutivo na imensa maioria das vezes realizado pelas mulheres é essencial para manter as engrenagens capitalistas rodando.
As vezes sinto que vou ser engolida pelo trabalho reprodutivo. Não porque eu esteja em uma relação machista. Mas enquanto esse trabalho de manutenção não é pauta de nós todes, é difícil para todes conciliar o trabalho produtivo, assalariado e a manutenção da casa e da família. Como uma trabalhadora em licença médica e em alguma medida "desocupada" acabo me obrigando a produzir algo, ainda que seja arte, para que o cuidar não se aproprie completamente do meu tempo.
Por fim desejo que, nós que não nos conformamos com as estruturas atualmente impostas, nos apropriemos dessa temática. Que ela seja presente nas reuniões de trabalho, com participação de todos os gêneros, e nos programas de governo nas eleições de 2022.